Conheça o projeto Shot de Leitura contemplado em Santos

Laila da Silva, licencianda do 4º ano do curso de Letras do IFSP - Campus Cubatão, foi contemplada na seleção de Projetos de Ações Culturais e Artísticas das Periferias, no município de Santos, instituída pela Política Nacional Aldir Blanc – PNAB.

O projeto Shot de Leitura, encabeçado por nossa discente em parceria com a graduanda Laila Oliveira, UNIFESP - Campus Baixada, visa democratizar o acesso à literatura de autoras negras, como Lélia Gonzalez, Carolina Maria de Jesus, Sueli Carneiro, Conceição Evaristo, e tantas outras, nas comunidades periféricas, rompendo, assim, a barreira que insiste em se manter entre a academia e a sociedade, especialmente as periferias das cidades.

Dentro do projeto, são discutidas situações que já fazem parte de debates organizados dentro da academia cujas produções são acessíveis, em sua maioria, apenas aos que dela fazem parte. Sabe-se que dentro das comunidades a quantidade de pessoas que consegue alcançar a educação universitária ainda é pequeno. Por esse motivo, a proposta é democratizar a produção de cientistas negras periféricas, dentro do espaço de onde elas emergiram e produziram suas escritas.

Segundo Laila, o maior ganho deste projeto é a produção de conhecimentos como ferramenta de emancipação individual e coletiva do povo marginalizado. Desse modo, entende-se que o Shot de Leitura possibilite a conexão entre a realidade da periferia aos debates críticos e reflexivos que as autoras trazem em seus textos, promovendo a emancipação das mulheres periféricas e o senso de pertencimento através da leitura.

O projeto já acontece uma vez ao mês, no “Bar do Jeová”, dentro da comunidade Morro do Saboó, localizado em parte na Zona Central e em parte na Zona Noroeste do município de Santos. 

As proponentes dizem que foi um sentimento de alegria e esperança para a quebrada o fato de o projeto ter sido contemplado pela PNAB, no sentido de acessar políticas públicas e possibilitar o fomento da leitura na periferia, o que é motivo de esperança e validação do conhecimento periférico, agora em outra ação subsidiada pelo Governo Federal.

Outro motivo é que os textos acadêmicos discutidos nos encontros são um reflexo da vida das autoras no cotidiano, o que faz com que os participantes vejam seu dia a dia refletido nas obras discutidas. Foi um primeiro passo vencer o edital, já que o projeto, nas primeiras edições, era subsidiado com recursos das próprias graduandas.

O Dr. Rubens Lacerda de Sá, coordenador do curso de Letras, disse que está muito feliz e orgulhoso com o fato de as Lailas terem sido contempladas pela Política Nacional Aldir Blanc. A Laila, do IFSP, além de ser muito engajada, é proativa em promover os saberes próprios da área do curso que dizem respeito ao cotidiano dos grupos ainda subalternizados, minorizados, vulnerabilizados e marginalizados. O trabalho das Lailas representa um marco importante das lutas das mulheres e das negras periféricas para os campi do IFSP e da UNIFESP na Baixa Santista e, certamente, servirá de incentivo para que outras pessoas negras decidam engajar-se e participar nesse processo de construção e promoção de saberes negro-brasileiros (Pontal & Cunha, 2023).  

• Para saber mais, acesse o Instagram @shot.deleitura

 Laila da Silva (Campus Cubatão - IFSP)                           Laila Oliveira (UNIFESP - Campus Baixada)